segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Alerta epidemiológico: aumento do número de casos de coqueluche em São Paulo

A Secretaria da Saúde do Município de São Paulo solicita rigorosa atenção dos Serviços de Saúde para a detecção de casos suspeitos, tratamento e realização de coleta oportuna de amostra para pesquisa específica de Bordetella pertussis. A distribuição por faixa etária mostra que 83,5% (81/97) dos casos confirmados foram em menores de um ano de idade.

A coqueluche, também conhecida pela designação expressiva de “tosse comprida” é uma doença infecciosa aguda e transmissível que compromete predominantemente o aparelho respiratório, caracterizando-se por típicos acessos paroxísticos de tosse. A doença, normalmente, é introduzida na família por crianças maiores ou adultos que podem apresentar-se com o quadro clínico clássico ou formas leves e/ou atípicas. A transmissão se dá por contato direto com os indivíduos sintomáticos, através das secreções do trato respiratório.  É altamente contagiosa, com taxa de ataque secundário de 90% (considerando-se os comunicantes suscetíveis).

O período de contaminação inicia-se na fase catarral, 7 a 10 dias após o contágio e dura até três semanas após o início dos paroxismos, se não houver o uso da Eritromicina ou outro antimicrobiano macrolídeo. Com o uso deste antibiótico, o paciente pode ser considerado não contagiante após cinco dias da instituição da terapêutica.

Deve ser dada atenção à queda da imunidade conferida pela vacina após 5 a 10 anos da última dose, o que leva a uma população de adolescentes e adultos suscetíveis. A vacina dTpa (componete pertussis acelular) pode ser utilizada em maiores de 11 anos de idade, porém não está disponível na rede básica de saúde.

A partir de maio de 2011 houve aumento na incidência de casos de coqueluche configurando um coeficiente de incidência (CI) de 0,86 casos / 100.000 habitantes para o período de janeiro a 17/08/11,o que representa um incremento em cerca de 40% do número de casos quando comparado com todo o ano de 2010. Deve-se lembrar da importância da continuidade na administração do esquema vacinal para crianças de 15 meses com o primeiro reforço da DTP (Difteria, Tétano e Pertussis), bem como o segundo reforço na faixa etária de 4 a 6 anos para manutenção de imunidade adequada entre os pré-escolares.

A letalidade por coqueluche nesse período de 2011 foi de 5,2% (5/97), muito superior ao descrito na literatura que pode variar de 0,4 a 1%. Para análise do critério de confirmação considerou-se os métodos diagnósticos disponíveis pelo Instituto Adolfo Lutz / Coordenadoria de Controle de Doenças / SES de São Paulo (IAL) que são as técnicas de Cultura e a Reação em Cadeia de Polimerase em tempo Real (PCR-TR) para B. pertussis, este último disponível desde o final do ano de 2009.

É imprescindível que a equipe assistencial e vigilância epidemiológica estejam alerta para a ocorrência de casos suspeitos de Coqueluche. Essa atenção possibilita o desencadeamento de ações baseadas no controle do agravo como avaliação do esquema vacinal dos contatos menores de 7 anos de idade, bem como o diagnóstico e tratamento de contatos sintomáticos a fim de interromper a cadeia de transmissão da doença.

Prof. Dr. Milton S. Lapchik

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